A Secretária de Estado da Inclusão Social, Lídia Lima, presidiu hoje, 1 de agosto, à sessão de apresentação pública dos dados preliminares do módulo “Uso do Tempo e Trabalho Não Remunerado (TNR) 2024”, uma iniciativa do Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade de Género (ICIEG), em parceria com o Instituto Nacional de Estatística (INE), no âmbito das celebrações do Dia da Mulher Africana, ontem 31 de julho.
O estudo procura quantificar e valorizar o trabalho de cuidados não remunerado, realizado sobretudo pelas mulheres, e constitui uma base essencial para a formulação de políticas públicas mais justas, inclusivas e sensíveis ao género.
Durante a sua intervenção, Lídia Lima sublinhou que "a análise do uso do tempo e do trabalho não remunerado é essencial para compreender as dinâmicas de género nas tarefas de cuidados e no quotidiano das famílias cabo-verdianas" e destacou que os dados agora divulgados irão apoiar a construção de medidas que promovam a conciliação entre a vida familiar e laboral.
A Secretária de Estado reforçou que, embora as mulheres continuem a desempenhar um papel central nos cuidados às crianças, pessoas idosas e com deficiência, esse contributo muitas vezes invisível não tem sido suficientemente reconhecido nem valorizado. Por isso, o Governo tem vindo a implementar uma Política Nacional de Cuidados com medidas concretas já em curso, entre as quais se destacam:
- A criação da profissão de cuidador de pessoas dependentes
- A aprovação e implementação do Decreto-Lei nº 80/2021, que regula o acesso e exercício da atividade de cuidador
- A elaboração da carteira profissional do cuidador
- A criação de normas reguladoras para os serviços de cuidados e funcionamento de equipamentos sociais
- A criação do Estatuto da Pessoa Idosa
- A elaboração da Estratégia Nacional para as Pessoas com Deficiência, para reforçar a sua inclusão social e apoiar as suas famílias
- O financiamento de 150 cuidadores no território nacional
- O alargamento do acesso aos cuidados domiciliários para idosos, crianças e pessoas com deficiência
- A subvenção de creches e jardins-de-infância
- A subvenção de centros de dia e lares para idosos e crianças
- O processo em curso de universalização do pré-escolar
- O alargamento da cobertura do Rendimento Social de Inclusão (RSI)
- A celebração de contratos com câmaras municipais e financiamento de ONGs para execução de programas na área dos cuidados
- O alargamento da pensão social
- O aumento da idade para o acompanhamento hospitalar de menores, de 6 meses para 12 anos
Lídia Lima lembrou que "essas medidas têm como objetivo garantir o acesso aos serviços de cuidados àqueles que mais precisam, libertar as mulheres para o mercado de trabalho, aumentar o rendimento familiar e promover o empreendedorismo no setor".
A governante destacou ainda que os cuidados devem continuar a ser assumidos como responsabilidade partilhada dentro da família, sendo essencial promover a conciliação entre o tempo dedicado à vida profissional e à vida familiar, reforçando a presença ativa de homens e mulheres nas tarefas domésticas e no cuidado aos filhos.
A Secretária de Estado concluiu apelando à mudança de mentalidades e ao reforço da intervenção social, salientando que os dados do estudo devem servir como base para propostas concretas que reforcem a construção de uma sociedade mais equilibrada, justa e com igualdade de oportunidades para homens e mulheres.